Eu, um professor?

Na Educação Desescolarizada pais não são professores

Uma das coisas mais importantes na Educação Desescolarizada é enfatizar que o filho não é um "aluno" no sentido ESCOLAR do termo. Ele é mais do que isso: é um aprendiz, um educando, alguém que tem uma relação com seus pais em forma de tutoria e mentoria, estabelecida por confiança e segurança.

O próprio fato de que o pai e a mãe não são, de fato, profundos conhecedores de todas as disciplinas os colocam na condição de que também são aprendizes. Não é incomum educadores familiares terem que aprender antes um conteúdo ou em conjunto com seus filhos. Não é incomum buscarem informações em companhia dos filhos.

A relação na Educação Desescolarizada não se conceitua como "professor-aluno", mas como a de um guia e aprendiz,  mentor e mentoreado. Nas escolas os professores professam seus conteúdos. Na modalidade homeschooler os pais educam e, inevitavelmente, vão sendo educados também. A aprendizagem é um forte marcador do relacionamento entre as famílias homeschoolers. Não porque haja sempre transmissão de conteúdos (!), mas justamente porque sempre há descobertas. O filho aprende mais com a postura de aprendiz (que é inevitável para as condições dos pais) do que apenas sentar e ouvir alguém que detém todas as habilitações técnicas e acadêmicas.

Outro aspecto é perceber que o lar ou a casa é apenas um dos ambientes onde acontecerá a educação. O objetivo não é importar as relações, rotinas, estratégias, avaliações, objetivos e conteúdos da escola para casa. Enquanto a Escola quer incorporar as relações sociais para si e suas importâncias, como se pudesse simular e manejar todas elas, a Educação Desescolarizada quer inserir e apresentar às crianças ao mundo real e às relações sociais como são na própria sociedade, tendo como proposta educar A PARTIR da casa e da família.

A casa é o ambiente onde a cidadania, a ética e a aprendizagem são primeiramente cultivadas (aliás, educar significa, inclusive, cultivar) e, a partir do lar, a sociedade é apresentada e vivenciada. Note que no discurso escolar é muito comum ver uma tentativa dela se estabelecer como um substituto da sociedade (quase todos os dias da semana, tomando grande parte do dia e por quase toda a vida de formação da criança e do adolescente), enquanto a Educação Desescolarizada não se estabelece como um fim, mas como uma caminhada apresentando a sociedade aos aprendizes.

Portanto, se você apresenta receios sobre como "trabalhar os conteúdos" e como ser um "10 professores em 1", não se apavore. A Educação Domiciliar não se propõe a isso como a maior prioridade.

Busque conversar com outros pais e saber sobre as diversas metodologias aplicadas ao HomeSchooling. Com certeza você encontrará uma que se ajustará a sua família e ao seu jeito de educar e ser educado.

Você irá ver que há alguns pais com ótimas formações, alguns inclusive na área de educação, mas outros não. Alguns serão extremamente criativos, dinâmicos, outros terão dificuldades com essas áreas e, ainda assim, praticam a Educação Domiciliar com excelência. Alguns tem habilidades musicais, outros contratarão professores particulares. É importante repetir. Os pais, na educação domiciliar, não são necessariamente professores. Eles são algo mais amplo... são guias, educadores, tutores da educação dos seus filhos.

Além disso, é extremamente comum crianças homeschoolers desenvolverem uma postura de autodidatismo. A prática escolar identifica o autodidata como "superdotado" ou "inteligente", mas o autodidatismo é uma disciplina, uma postura, um hábito e ela raramente estimula isso. Quando praticado de modo natural, relacional e acompanhado, isso se torna mais simples do que muitos imaginam.

Com um ambiente propício, materiais (livros, vídeos tutoriais, sites e professores auxiliares, caso você precise) e uma boa mediação dos pais, o papel do "professor" que tantos tem medo, acabará sendo desnecessário exercer. É só observar, por exemplo, as escolas que ganham vários prêmios e destaques (assim como a famosa Escola da Ponte, em Portugal). O professor recua em seu papel de detentor do conteúdo e assume o papel de facilitador ou mediador. Algo que se torna muito natural (e necessário) no ambiente da educação domiciliar.

M.H.S.

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