É o fim da escola?

Homeschooling não é um movimento que busca promover, mobilizar e conscientizar famílias para que a sociedade acabe com as escolas. O que há como prioridade nessa modalidade é ser conhecida e reconhecida como uma forma de educação válida, com resultados relevantes e com vantagens reais e mensuráveis.

A "escola" como instituição tem importância para a nossa sociedade, assim como o ofício do professor. No entanto, acreditamos que a escola precisa ver o seu real tamanho e não se agigantar a ponto de afirmar que pode tomar para si todos os processos e os resultados relativos à instrução e educação. Outros espaços e modalidades também podem alcançar resultados e significados.

A escola não tem uma condição real para se afirmar como a única capaz de oferecer instrução, educação e socialização. Dentro desses múltiplos debates (sem precisar de um olhar tão apurado assim) é possível fazer avaliações sobre a escola no Brasil em vários âmbitos. Na última pesquisa da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), entre os 64 países pesquisados, o Brasil ficou entre os dez piores resultados nos conteúdos elementares. E esse resultado nem é algo surpreendente. A resposta do governo para o resultado foi afirmar que é necessário dobrar o tempo dos alunos nas escolas (!), ignorando todos os outros fatores que levaram o Brasil a essa realidade.

Se levantarmos ainda outros questionamentos tais como delinquência, criatividade, ideologias, capitalismo, ausência parental, inteligência, ética e cidadania, a radiografia poderia ser bem mais detalhada da situação. Você até poderia imaginar que são só os educadores domiciliares que participam desse grande debate. Mas hoje há uma diversidade de debates sobre o que a escola realmente é ou afirma ser. Não estamos falando da a escola brasileira, mas de diversas partes do mundo, incluindo América, Europa e Ásia. (veja na sessão VÍDEOS alguns posicionamentos sobre a escola em âmbito global). É possível encontrar artigos, pesquisas e entrevistas das mais variadas temáticas falando sobre a falência da escola, buscando uma renovar ou reinventar essa instituição.

Os homeschoolers apontam que, pela sua forma, objetivo e metodologia, a escola não pode proporcionar uma educação ampla, eficaz, ética, cidadã e relacional como ela afirma que é capaz de promover. Todos sabem que ser aluno não transforma automaticamente uma pessoa em um cidadão (e nem em aprendiz). Sentar com 30 alunos e ouvir instrução técnica não faz uma geração ser plena em suas capacidades. Viver 12 anos se dedicando em uma instituição e viver em função dela com tarefas, trabalhos, cobranças e expectativas não tem dado sequer os resultados cognitivos e profissionais que todos esperavam.

Ainda assim, nossa sociedade depende dessa estrutura. Muitos homeschoolers compreendem isso e não vão sair levantando uma bandeira anti-escola ou anti-professor. Claro que isso não é consenso entre os que praticam a Educação Domiciliar, mas isso em si não é o nosso objetivo. Há aqueles que defendem que sempre foi possível educar de um modo desescolarizado. Afinal, a Educação Domiciliar precede a Escola.

Mas para aqueles que acreditam que uma criança homeschooler, caso não venha a frequentar uma escola, não se desenvolverá o suficiente para enfrentar outros ambientes escolares (como faculdades, por exemplo), eis algumas premissas que devem ser reforçadas antes de derrubar mais esse mito:
  • A escola não é e nem substitui a sociedade; 
  • A educação desescolarizada não acontece restrita a uma sala em casa (como na escola); 
  • A educação desescolarizada acontece a partir da casa para a sociedade, em seus espaços e momentos reais; 
  • Pais não se definem como professores. Eles são guias, tutores e mentores. 
Ficando isso claro, eis os fatos.

Em muitas famílias é comum encontrar a Educação Familiar sendo mesclada com outras modalidades. Crianças estudam música, línguas, esportes, artes... em formatos individuais, coletivos, escolares ou online. Crianças e adolescentes homeschoolers cursam matérias específicas de matemática ou português (online ou presencial), participam de fóruns com pessoas de outras partes do mundo, fazem cursos especializados nas áreas de computação e atividades diversas como jardinagem, gastronomia ou mecânica. Fazem intercâmbios, viagens, seguem tutoriais na internet de conteúdos específicos e alguns participam de grupos de estudo. Crianças e adolescentes nessa modalidade não se isolam ou se enclausuram. Eles vivenciam, sim, a escola. Aliás, uma rede educacional composta por escolas, casas, espaços e ambientes e modalidades diversas.

Ser homeschooler não é buscar o fim da escola, mas uma visão equilibrada que a coloque do tamanho que ela deve ter.

M.H.S.

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